Pelo andar da carruagem o mercado não está em clima de copa do mundo. Pelo terceiro mês consecutivo o boi gordo apresentou recuo segundo o indicador CEPEA/B3, fechando abaixo de 300 reais na média mensal, fato que só ocorreu em outubro de 2021 com a crise no mercado por conta do caso de EEB, vaca louca.
Analisando o gráfico acima é relativamente fácil observar um movimento de recuo de preços desde mar/22, quanto o boi gordo era cotado próximo de 350 reais/@. Como protagonista do movimento de queda, podemos destacar a economia brasileira que não vem passando por momentos dourados. O cenário econômico instável levou muitos brasileiros a retirarem a carne bovina do cardápio, optando por linhas mais baratas de proteínas como suínos e aves. Completamente na contramão do mercado interno, as exportações vierem fortes em 2022. Os dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) apontam que o Brasil exportou até out/22 1.690 mil toneladas, volume 25% maior que jan-out de 2021.
Na linha da oferta a pecuária segue apresentando forte crescimento, aumentando a oferta de animais principalmente nesse período de entressafra. Segundo os dados divulgados pela Scot Consultoria, a estimativa para o rebanho confinado no Brasil para esse ano é de 5,18 milhões de cabeças, um crescimento de 5,07% em relação ao ano anterior.
Passando para o lado das compras, o milho apresentou movimento completamente ao contrário do boi gordo.
O cereal fechou o mês de outubro com valorização de 0,56% em relação ao mês de setembro. A principal notícia do mês foi a habilitação das exportações de milho para China no mês, quando o governo anunciou a liberação de 136 instalações enviassem a comodity para o país asiático. Essa nova opção para o escoamento do grão trouxe muita incerteza para o mercado, principalmente na quantidade da produção que permanecerá no país para alimentação bovina e qual será seu preço no futuro. O que deveremos tomar como certeza é que como nunca o pecuarista precisará de muita atenção no planejamento da sua produção e na condução do manejo.
Apesar de toda essa pressão, o indicador de custo de diária de confinamento divulgado pelo Laboratório de Análises Socioeconômicas e Ciência Animal (LAE) apresentou recuo no mês de outubro.
Os confinamentos grandes de SP (SPg) e médios (SPm) apresentaram um recuo de 6,9% e 6,7% consecutivamente e Goiás 0,1%. Para os paulistas o principal motivo da desvalorização foi a redução no custo do sorgo, já para os goianos o farelo de soja foi o principal responsável.