Para quem acha que o ano começou só agora, 2022 já carrega uma crise internacional que não vivemos desde 1962.

Instabilidade internacional, recorde de preços e recorde em exportação: realmente o ano não começa após o carnaval

Gabriel Zylberlicht

Mesmo se não estivéssemos em tempos de pandemia, com a Sapucaí e a Barra Ondina lotadas, as manchetes dos jornais não seriam sobre as festas e foliões. Para quem acha que o ano começou só agora, em 2022 estamos passando por uma crise internacional que não vivemos desde 1962 e, junto com ela, vivemos um momento de muita instabilidade e imprevisibilidade de como serão as exportações/importações no curto/médio prazo.

Infelizmente a tensão internacional e como será o desfecho dessa guerra não podemos controlar, mas entender como o mercado se comportou frente ao ocorrido é crucial para a saúde e lucratividade dos nossos negócios, principalmente nessa fase de fechamento/início do primeiro giro dos confinamentos.

A grande preocupação do mercado era em relação à postura da China em relação a guerra da Ucrânia e Rússia. No início do mês, muitos acreditaram que a China tomaria como exemplo a expansão territorial e a possiblidade da invasão de Taiwan era tomada como certa. Fatos como este trouxeram muitas incertezas em relação as importações de carne do nosso principal cliente internacional. Esta tesão foi amenizada quando o presidente chinês, Xi Jinping, finalmente se pronunciou e, para a surpresa de muitos, demonstrou certa diplomacia em relação ao conflito.

Para entender melhor os impactos de uma possível sanção à exportação de carne bovina vamos ao fechamento do mês de fevereiro. Segundo os dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), foram exportadas 159,1 mil toneladas de carne, faturando 889,4 milhões de dólares, cerca de 91,91% acima do registrado em fevereiro de 2021. O país, que chegou a ser responsável por 56% das importações, vêm demonstrando certo apetite pela nossa proteína, sendo crucial para a composição de margem dos pecuaristas que ela siga como protagonista na compra da nossa carne.

Partindo para o comportamento do preço do boi, no mês de fevereiro foi observado uma conduta relativamente estável. Isso se deu pelo ajuste entre a baixa oferta de animais terminados com a demanda relativamente fraca pela proteína no mercado interno e alta na exportação, como visto no parágrafo anterior. No comparativo médio mensal do preço, houve uma valorização de 0,54% em relação ao mês anterior, sendo que não eram observadas variações abaixo de 1% desde julho/2021.

Desta forma, para alívio de todos, a maneira com que a guerra se desenrola não vem trazendo grandes impactos no curto/ médio prazo quando falamos do mercado do boi gordo. Claro que há grande preocupação em relação as importações de fertilizantes para a próxima safra (2023), apesar da afirmação do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) no dia 04/03 de que não há mudanças até o momento nas negociações. O que nos resta é trabalhar todos os dias e aguardar esperançosamente a resolução mais pacífica possível deste conflito.

Compartilhe:

Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn
Share on whatsapp
WhatsApp

Valorizamos sua privacidade

Ao utilizar nosso site, você manifesta sua ciência e consentimento aos termos de nossa política de proteção de dados.